A consciência de que o planeta Terra se constitui em uma entidade estruturada organicamente, por elementos integrados, em equilíbrio, está presente na maioria dos mitos fundadores do mundo.

Este referencial é metaforicamente conceituado pela artista que escolhe pedras, elementos minerais, que se constituem nos fundamentos dos continentes e dos mares. Instala no espaço sobre um monte de terra, simbolizando o planeta, uma série de pedras rústicas, assentadas ordenadamente, em equilíbrio e espalha outras, pedras aparelhadas de menor tamanho, aleatoriamente, simbolizando o desequilíbrio.

Trabalha com oposições no mesmo espaço, como uma síntese de antinomias. A construção, o equilíbrio e a harmonia se confrontam com seus contrários; a desconstrução o desequilíbrio e a desarmonia.

Toda potência racional, característica da arte de Suely Cauduro, está inserida neste trabalho, que é inclusive provocador da reflexão sobre a desconstrução que depende da construção, como referencial para existir. Esta  inter-relação ou interdependência dos opostos configura um chamado para refletirmos sobre as proporções de situação limite de desequilíbrio que a ação humana predadora e desconstrutora põem em risco o equilíbrio essencial da natureza e portanto da vida planetária.

 

Daisy Peccinini

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