Por Laura Carneiro, consultora em arte e comunicação

Suely Cauduro é uma mulher artista, artista e mulher, que não reprime suas alegrias, suas emoções, seus afetos, nas obras que translucidamente compõe. Mulher, filha, mãe, avó, ela se resume nas palavras alegria e entusiasmo. Não deixou nunca que as pequenas e grandes tragédias da vida a afetassem, ao contrário, resolve-as com muita cor, luz, composição, no domínio perfeito da técnica da aquarela.

A exposição Pinturas, singela como seu título, que tivemos a honra de abrigar na Galeria da Casa Ranzini em 2014, é exemplo disso. Essas Pinturas poderiam ser traduzidas por Figuras… Leituras e releituras das pessoas queridas, das netas então pequenas, do eterno companheiro Álvaro com sua pesca em vermelho. O autorretrato da artista e as figuras das crianças – como é difícil retratá-las em sua proporcionalidade própria! – são obras primas pela sua energia e impacto visual.

Em seu refúgio em Monte Verde, a natureza pródiga falou mais alto. Pequenas folhas, raízes aéreas, sementes, despertaram em Suely sua verve de artista observadora e criadora ao redimensionar partes selecionadas da natureza. Suas pinceladas são ágeis, nervosas entre manchas e luzes realçadas com cinzas. Se naquele estado de fenecimento encontrava o objeto retratado, na sua pintura o perpetua, resgatando seu estado de beleza inicial.

Afinal, por que ser triste e dramático se podemos com alegria transformar um pouco o mundo que nos cerca? Quem tem a felicidade de ter obras de Suely sabe do que estou falando!

 

Como finaliza o curador Percival Tirapeli na apresentação da exposição  Pinturas: Todas as obras, no entanto, criam uma familiaridade temática na busca de elo entre as gerações, do outro ser-e da intimidade absoluta, expressa no autorretrato que significa a própria vida.

Enviar